Gustavo
afastou-se com a dúvida se tinha magoado os sentimentos do velho Proença, mas
com alívio de deixar para trás aquele ser que lhe dava repúdio. Pelo seu lado,
Proença ficou imóvel durante algum tempo, perplexo com as palavras de Gustavo.
Antes da reunião tinha intenção de dar lugar aos novos, de deixar a presidência
da comissão em alguém mais jovem da sua confiança e ao ouvir Gustavo pensou que
seria a pessoa idónea para assumir essa responsabilidade. Jamais lhe passou pela
cabeça que alguém podia candidatar-se à comissão sem que ele estivesse na
cabeça da lista ou pelo menos na lista. Ele tinha criado a comissão, tinha
representado a aldeia durante vinte anos e agora um menino da cidade vinha com
a intenção e tirar-lhe o lugar sem sequer pedir licença ou autorização. A sua
perplexidade passou a indignação e em seguida a fúria e humilhação. Decidiu que
não iria sair assim, pela porta traseira, a sua obra e o seu legado merecia o
reconhecimento dos seus concidadãos.
Dirigiu-se para casa pensando numa forma de vingar a humilhação que Gustavo lhe
fez passar, estava decidido que iria continuar a ser o presidente da comissão
nem que para isso tivesse que convencer ou mesmo obrigar a votarem todos nele.
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